Também conhecido pelo apelido de “Animal”. Carteiro de profissão tocava flauta, violão e cavaquinho. Viveu no Rio de Janeiro-RJ provavelmente entre os anos de 1870 -1940.
Gonçalves Pinto esteve longe de ser um músico virtuose, seja no violão, flauta ou cavaquinho. Era músico amador, assim como tantos outros no Rio de Janeiro da virada dos séculos XIX e XX. Porém seu nome foi imortalizado na história do choro devido ao livro que publicou em 1936: O Choro - reminiscências dos chorões antigos. O livro tornou-se um dos principais relatos sobre o ambiente musical e social do choro, costumes e os personagens históricos ligados à música popular da época, sendo fonte de pesquisa dos principais estudiosos de música popular como Tinhorão, dentre outros.
Seus dados biográficos são bastante imprecisos, mas sabe-se que devido sua profissão tinha grande circulação pela cidade e, consequentemente, contato com muitos dos chorões mais antigos. Seu livro é considerado o primeiro relato sobre música popular desse período realizado por alguém que viveu no período. Seu inusitado apelido faz referência a sua grande predisposição alimentar (se assim podemos dizer) sempre atestada nos botecos e festas que frequentava.
O livro é narrado em primeira pessoa e consiste em uma série de pequenas biografias de músicos do período como Joaquim Callado, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Luperce Miranda, Catulo da Paixão Cearense, dentre outros. Quase como um diário de memórias do velho carteiro, podemos viajar nas histórias e causos contados sem muita preocupação com o português e erros relacionados a fatos históricos, características do livro. A leitura é agradabilíssima e, ao mesmo tempo, instiga o leitor à curiosidade.
Sobre Gonçalves Pinto os pequenos verbetes nos revelam que ele aprendeu a tocar assim como grande parte dos violonistas da época: de maneira informal, frequentando as rodas de choro e outros ambientes musicais. O carteiro era frequentador das rodas de choro que ocorriam na casa de um chorão chamado de Gedeão, morador do bairro do Estácio - berço do samba carioca. Também participava constantemente dos bailes das casas de família onde, segundo ele “imperavam a sinceridade, a alegria espontânea, a hospitalidade, a comunhão de ideias e a uniformidade de vida!”.
Diferente dos textos anteriores, sugerimos ao invés de uma audição que façamos uma leitura do livro de Alexandre Gonçalves Pinto - O Choro - reminiscências dos chorões antigos. Esse delicioso compilado de memórias que o musicólogo Pedro Aragão definiu tão bem como sendo "O Baú do Animal".
Link para download do livro disponível em:
https://mega.co.nz/#!jJZThb7J!Yq1VVMs4ah_bWF6nOej0ZD77RXG1CeW3b1E_Ck3BzlY
Fontes consultadas
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ARAGÃO, Pedro de Moura. O Baú do Animal: Alexandre Gonçalves Pinto e o Choro. RJ:Tese de Doutorado em Música. UNIRIO, 2011.
PINTO, Alexandre Gonçalves. O Choro — reminiscências dos chorões antigos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1978
Texto escrito por Jamerson Farias
Roberto Vinicius
Allam, adorei este estudo. Tentei baixar no link, mas não esta mais disponível. Achei em outro link : http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/acervos_obrasraras_ochoro.pdf Abraços
Allan Sales
Obrigado Roberto! Abraço
Hélcio
Acho muito legal essas histórias, antigamente as pessoas tinha mais tempo, frequentava grupos que tinha os mesmos gosto, e ali ficava horas e horas.
Allan Sales
Legal Hélcio. Que bom que você está gostando do curso de História. Abraço Allan Sales
André Luis
Mais uma linda história da música brasileira. O choro assim como o samba tem a cara do RJ e consequentemente do Brasil. Parabéns Allan por esta iniciativa. Estou adorando!!! André.
Allan Sales
Obrigado André. Que bom que você está gostando. Abraço Allan Sales